sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Joseph Campbell - O Poder do Mito




Joseph Campbell - O Poder do Mito


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MOYERS: Por que você intitulou seu livro O herói de mil faces?




CAMPBELL: Porque existe uma certa seqüência de ações heróicas, típica, que pode ser detectada em histórias provenientes de todas as partes do mundo, de vários períodos da história. Na essência, pode se até afirmar que não existe senão um herói mítico, cuja vida se multiplicou em réplicas, em muitas terras, por muitos, muitos povos.


Um herói lendário é normalmente o fundador de algo, o fundador de uma nova era, de uma nova religião, uma nova cidade, uma nova modalidade de vida. Para fundar algo novo, ele deve abandonar o velho e partir em busca da idéia semente, a idéia germinal que tenha a potencialidade de fazer aflorar aquele algo novo.


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Você pode também dizer que a fundação de uma vida – a sua vida ou a minha, desde que vivamos nossas próprias vidas, em vez de imitarmos a vida de alguém – provém igualmente do mesmo tipo de busca. [...]MOYERS: Como fazer para destruir o dragão em mim? Como é a jornada que cada um denós tem de empreender, que você chama “a alta aventura da alma”?

CAMPBELL: Minha fórmula geral, para meus estudantes, é: “Persiga a sua bemaventurança”. Descubra onde ela está e não tenha medo de segui-la.

[...]MOYERS: E há a interrogação proposta por Hamlet: “Você está à altura do seu destino?” CAMPBELL: O problema de Hamlet é que ele não estava. Concederam-lhe um destino grandioso demais, e isso o fez em pedaços. Isso também acontece. [...]

MOYERS: E quanto aos jovens que dizem: “Nascer não foi uma escolha minha – minha mãe e meu pai fizeram a escolha por mim”?

CAMPBELL: Freud sugere responsabilizar nossos pais por todas as falhas da nossa vida, e Marx sugere responsabilizar a classe social privilegiada.
Mas o único responsável é o próprio indivíduo. É o que há de proveitoso na idéia hindu do carma.
A sua vida é fruto do seu próprio fazer.

Você não tem ninguém a quem responsabilizar, exceto a você mesmo.



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