sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Reflexo na Água - Presidente Dieter F. Uchtdorf


Presidente Dieter F. Uchtdorf,   “O Reflexo na Água”  
Serão do SEI para os Jovens Adultos • 1 de novembro de 2009 • Universidade Brigham Young 

Caros irmãos e irmãs, se transformássemos os dois hinos que acabamos de ouvir, “Louvai a Deus” e “Faze o Bem”, em nosso lema de vida, estaríamos muito bem em nosso caminho de volta ao Pai Celestial. Que visão maravilhosa são vocês! Em minha mente, visualizo muitos outros rostos belos como o de vocês — jovens membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias de todas as nações do mundo. Talvez vocês não se pareçam uns com os outros, mas têm muito em comum. Considero esta tarefa muito gratificante e agradeço ao Presidente Monson por ter-me proporcionado esta oportunidade de passar alguns minutos com vocês. O Patinho Feio Um dos mais apreciados contadores de histórias de todos os tempos foi o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. Em uma de suas histórias, “O Patinho Feio”, uma mãe pata descobre que um de seus filhinhos recém-nascidos é muito grande e feio. A princípio, a mãe imagina que talvez tenha chocado um ovo de peru, mas o filho feio sabe nadar tão bem quanto os outros. Ela, então, conclui que o pobre coitado é simplesmente anormal e desfigurado. Os outros patinhos, porém, não deixavam o patinho feio em paz. Eles o maltratavam sem dó, bicando-o, provocando-o e tornando sua vida muito infeliz. Por fim, o patinho feio decidiu que seria melhor para todos se ele deixasse a família, e ele foge. No frio gelado do primeiro inverno que passou sozinho, o patinho feio quase morreu congelado, mas de alguma forma conseguiu sobreviver. Apesar das privações, ele se sentia mais forte e adorava abrir as asas e voar, embora estivesse sozinho. Então, certo dia, viu voando acima dele um bando de aves majestosas, brancas como a neve, de movimentos graciosos, que tinham um pescoço longo e belo e asas grandes e elegantes. Que criaturas magníficas! E como eram felizes! O patinho feio ficou muito desejoso de voar com elas. Teve medo de que o matassem por ser tão feio. Mas decidiu que aquilo seria melhor do que ser sempre humilhado pelos outros animais ou do que morrer de frio no inverno. Então, alçou voo e seguiu o bando até um belo lago, onde todos desceram até a água. Ao pousar no lago, o patinho feio olhou para a água e viu o reflexo de um cisne magnífico. Aos poucos, sem acreditar a princípio, o patinho feio se deu conta de que aquele era o seu próprio reflexo! Para sua surpresa, os outros cisnes o receberam muito bem e até reconheceram que ele era o mais belo e majestoso de todos os cisnes. Finalmente ele descobrira quem ele realmente era. As Grandes Perguntas Como aquele jovem cisne, a maioria de nós já sentiu em alguma época da vida que não se encaixava num grupo. Grande parte da confusão que sentimos nesta vida decorre do fato de simplesmente não compreendermos quem somos. Um número muito grande de pessoas segue pela vida achando que tem pouco valor, quando na verdade são criaturas magníficas e eternas, dotadas de valor infinito e um potencial que vai além do que podem imaginar. A descoberta de quem realmente somos faz parte desta grande aventura chamada vida. As maiores mentes da humanidade têm-se debatido incessantemente com estas perguntas: De onde viemos? Por que estamos aqui? O que acontece depois da morte?E como tudo isso se encaixa? Que sentido tem todas essas coisas? Assim que começamos a compreender as respostas a essas perguntas — não só com a mente, mas também com o coração e a alma — começaremos a compreender quem somos e nos sentiremos como o viajante que finalmente encontra seu lar. Sentiremo-nos como o jovem cisne que finalmente descobriu quem ele realmente era. Tudo finalmente passa a fazer sentido. O problema é que as respostas a essas perguntas estão simplesmente além da capacidade lógica terrena do homem. Perguntas que abordam coisas espirituais exigem respostas espirituais. Aqueles que rejeitam a revelação e insistem em obter provas concretas podem apenas especular ou negar que haja vida antes ou depois desta esfera mortal. Consequentemente, talvez nunca compreendam quem realmente são ou qual é o verdadeiro propósito da vida. Como membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, porém, fomos abençoados com respostas a essas perguntas, e as transmitimos livremente a todos os que queiram ouvir. Conhecemos essas respostas não devido a suposições inteligentes ou porque encontramos uma explicação científica. Temos as respostas porque mensageiros celestes revelaram esses mistérios ao homem. Esse mesmo conhecimento está ao alcance de todos neste planeta, pelo poder do Santo Espírito, desde que sejam sinceros de coração. Não se trata de algo insignificante. Ao longo da história, imperadores e filósofos teriam oferecido grandes tesouros em troca daquilo que Deus nos concede gratuitamente em nossa época. Por ser misericordioso e amar Seus filhos, Deus novamente nos concedeu, nestes últimos dias, a verdade a respeito de onde viemos, por que estamos aqui e para onde vamos. MMeus caros jovens amigos, esse conhecimento permite que vocês vejam seu próprio reflexo na água. Dá-lhes a certeza de que vocês não são comuns, não foram rejeitados e não são feios. Vocês são divinos e mais belos e gloriosos do que podem imaginar. Esse conhecimento muda tudo. Muda seu presente. E pode mudar seu futuro. Pode mudar o mundo. Estamos profundamente cientes, meus caros jovens amigos da Igreja, que vocês enfrentam muitos desafios na vida onde quer que estejam. Por meio de seus líderes e por contato direto com vocês individualmente, sei quão grandes são suas preocupações. Escolhi dentre as muitas perguntas que me foram encaminhadas apenas algumas que creio serem as mais difíceis e preocupantes que afetam vocês, jovens santos do mundo inteiro. Espero poder incutir-lhes hoje, na mente e no coração, que o conhecimento de quem vocês realmente são pode ajudá-los a sobrepujar as questões mais difíceis da vida. Ser ou Não Ser Eis a primeira pergunta: “Sinto-me infeliz e deprimido. Às vezes, parece que o mundo seria um lugar melhor se eu não estivesse nele. Por que devo continuar vivendo?” Quero deixar isto bem claro:  a depressão grave e as ideias suicidas não são assuntos triviais e devem ser levados a sério. Peço a todos que sofrem de depressão ou que têm ideias suicidas que procurem ajuda de profissionais de confiança e dos líderes da Igreja. Se vocês conhecem alguém que pensa em suicídio, sejam amigos verdadeiros dessa pessoa e cuidem para que ela receba ajuda. Por favor, saibam que amamos vocês e queremos que tenham sucesso e sejam felizes na vida. Tendo esclarecido esse ponto, quero dizer que a maioria das pessoas se sente triste ou incapaz de vez em quando. É natural que tenhamos momentos de infelicidade ou dúvida.  A pergunta “por que devo continuar vivendo?” é simplesmente outra forma de expressar a antiga dúvida escrita por William Shakespeare, há 400 anos e proferida por milhões de Hamlets no mundo inteiro desde aquela época: “Ser ou não ser: eis a questão”.1 Mas Shakespeare estava errado: “Ser ou não ser” não é a questão de forma alguma. Há outras opções além dessa simples contradição. A meu ver, Hamlet deveria dirigir-se ao público e dizer:  “Sabendo que sou filho de Deus, o que preciso fazere como devo ser para viver à altura desse potencial? Eis a questão”. Sei que essa alteração no texto arruinaria por completo uma das maiores obras-primas da literatura de todos os tempos. Mesmo assim, se eu tivesse escrito um roteiro para vocês, é isso que eu colocaria nele. Pensem de onde vocês vieram. Vocês são filhos e filhas do maior e mais glorioso ser de todo o universo. Ele ama vocês com um amor infinito. Ele quer o melhor para vocês. Acham que o Pai Celestial quer que vocês se sintam deprimidos e infelizes? Ele não quer isso, de modo algum. Ele nos deu os mandamentos, que é a estrada real para uma vida cheia de propósito, paz e alegria. Tudo o que precisamos fazer é seguir por ela. Conhecer e viver os mandamentos de Deus realmente nos enchem de alegria e satisfação. Nosso destino é maior do que podemos imaginar. Se simplesmente compreendêssemos quem somos e o que nos está reservado, nosso coração transbordaria de gratidão e felicidade, a ponto de iluminar as mais tenebrosas tristezas com a luz e o amor de Deus, nosso Pai Celestial. Da próxima vez que se sentirem infelizes, lembrem-se de onde vieram e para onde estão indo.  Em vez de pensarem nas coisas que embotam seus pensamentos com tristeza, decidam concentrar-se nas coisas que enchem a alma de esperança.  Vocês vão perceber que essas coisas estão sempre relacionadas ao serviço a Deus e ao próximo. Lembrem-se de que o Senhor nos deu Sua palavra nas escrituras. Orem sinceramente a Ele, conversem com Ele todos os dias. Aprendam com Ele e sigam Seu caminho. Sirvam a Deus e a seus semelhantes. Lembrem-se de que há “tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar” (Eclesiastes 3:4). Se estão sentindo pesar há algum tempo, talvez agora seja o momento de permitir que a luz do Filho de Deus entre em seu coração. Peço a vocês que simplesmente olhem para a água e vejam seu verdadeiro reflexo! Percebam o propósito para o qual foram criados! Ergam o rosto e contemplem o horizonte distante! Faz bem rir! Faz bem ser feliz!  Ergam a voz e “[louvem] ao Senhor com cânticos, com música, com dança, e com orações de louvor e ação de graças” (Doutrina e Convênios 136:28). Não consigo imaginar um céu só de pessoas sérias, que nunca dizem o que pensam ou que não gostam de música nem de conversar uns com os outros. Para mim, isso não seria o céu. Tenho certeza de que vocês não foram criados para passar as horas e os dias de sua vida isolados uns dos outros, preocupados ou desesperados. Vocês foram criados para ter alegria (ver 2 Néfi 2:25), por isso vamos comemorar as misericordiosas bênçãos de um Pai Celestial alegre e amoroso! Vocês não precisam esperar por uma permissão para encher a alma de gratidão e felicidade. Podem muito bem fazer isso por conta própria. Reúnam os jovens de suas alas ou ramos assim como de outras estacas e distritos próximos. Dancem juntos, estudem o evangelho juntos, trabalhem juntos, sirvam ao próximo juntos, e divirtam-se com essas coisas. É minha sincera oração que o conhecimento de quem vocês são e do que podem se tornar encha seu coração com o sereno amor de Deus e que isso acenda em vocês uma felicidade digna de seu verdadeiro legado, porque verdadeiramente vocês são príncipes e princesas, reis e rainhas. Será Que Algum Dia Vou Encontrar Minha Alma Gêmea? Outra pergunta que ouvimos de vocês, jovens, é: “Sinto-me tão só.  Será que algum dia vou encontrar minha alma gêmea?” Há algumas coisas que quero dizer a esse respeito, mas vamos começar pelo conceito de encontrar uma pessoa ideal, uma pessoa perfeita para vocês. Há uma velha história sobre uma moça que estava numa expedição arqueológica e encontrou uma lâmpada de aparência muito antiga. Quando ela esfregou a lâmpada, um gênio apareceu e ofereceu-lhe um desejo. Ela pensou um pouco e pediu paz no mundo — que as pessoas se amassem e vivessem em harmonia para sempre. O gênio pensou no pedido dela e, por fim, disse:  “O que você está pedindo é impossível. A divisão entre os povos do mundo existe há muito tempo e é por demais profunda. Por favor, peça outra coisa.  Qualquer coisa menos isso”. Ela pensou de novo e disse:  “Em algum lugar do mundo há uma pessoa que é a ideal para mim. Quero encontrar esse homem, que é bonito, atencioso e tem senso de humor. Um homem que vai me ajudar com as tarefas domésticas, que adora crianças, que não fica assistindo a programas esportivos o tempo todo, que tem um ótimo emprego e que pensa na minha felicidade em primeiro lugar. Um homem que irá fazer compras comigo e que se dará bem com minha família”. O gênio pensou um pouco no pedido dela, deu um profundo suspiro e então respondeu: “Vamos ver o que consigo fazer com relação à paz no mundo”. Sei que isso pode ser uma decepção para alguns de vocês, mas não acredito que haja somente uma pessoa ideal para vocês. Acho que me apaixonei por minha esposa, Harriet, desde a primeira vez que a vi. Mesmo assim, se ela tivesse decidido se casar com outro, acredito que eu teria conhecido outra pessoa e me apaixonado por ela.  Sinto-me eternamente grato por isso não ter acontecido, mas não creio que ela fosse minha única chance de felicidade nesta vida, nem eu tampouco para ela. Outro erro que vocês podem cometer facilmente ao sair com alguém é esperar que a pessoa seja perfeita. A verdade é que as únicas pessoas perfeitas que vocês vão encontrar são aquelas que vocês não conhecem muito bem. Todo mundo tem imperfeições. Não estou sugerindo que baixem seus padrões e casem-se com alguém com quem não poderão ser felizes. Mas uma das coisas que aprendi à medida que fui amadurecendo na vida é que, se uma pessoa está disposta a me aceitar, imperfeito como sou, então, eu também devo estar disposto a ser paciente com as imperfeições dos outros. Como você não vai encontrar perfeição na outra pessoa, e ela também não vai encontrar perfeição em você, sua única chance de perfeição está em tornarem-se perfeitos juntos. Há pessoas que não se casam porque sentem que falta uma certa “magia” no relacionamento. Suponho que ao dizerem “magia”, refiram-se à centelha da atração. Apaixonar-se é um sentimento maravilhoso, e eu jamais os aconselharia a casar com alguém que não amem. No entanto — e isso é outra coisa que às vezes é difícil de aceitar — essa centelha de magia precisa ser constantemente cultivada. Quando a magia perdura num relacionamento é porque o casal fez com que isso acontecesse, e não porque ela surgiu misticamente por meio de alguma força cósmica. Falando com franqueza, chega a dar trabalho. Para que qualquer relacionamento sobreviva, os dois lados precisam trazer consigo sua própria magia e usá-la para manter o amor. Embora eu já tenha dito que não acredito em uma alma gêmea única e exclusiva, sei o seguinte: depois que você se compromete a casar, seu cônjuge se torna sua alma gêmea, e é seu dever e responsabilidade esforçar-se todos os dias para manter as coisas assim. Depois que assumimos o compromisso, a busca por uma alma gêmea chega ao fim. Nossos pensamentos e ações deixam de ser de procurar e passam a ser de criar. Mas e os que perdem a esperança de encontrar um companheiro eterno? Em primeiro lugar, não desistam. Participem das atividades, conheçam pessoas e façam tudo o que puderem. Sei que sair com alguém pode ser penoso. Rejeição é uma das coisas mais dolorosas que podemos sentir. Podem acreditar, sei como é. Eu me apaixonei pela Harriet muito antes de ela se apaixonar por mim. Mas isso não me impediu de agir, de modo algum. Encontrei maneiras de estar no mesmo lugar em que ela estava. Quando eu distribuía o sacramento na Igreja, eu dava um jeito de levá-lo para a família dela. Fazia tudo o que podia para impressioná-la, mas acho que ela me considerava um pouquinho imaturo. A centelha simplesmente não existia para ela. Cheguei a perder a esperança de convencê-la de que poderíamos ser algo mais do que amigos. Então, fui embora, alistei-me na força aérea e viajei para o outro lado do mundo para fazer um curso de piloto nos Estados Unidos.  Foi só quando voltei para a Alemanha, depois de terminar meu treinamento como piloto de caça — vários anos depois de tê-la conhecido — que aquela bela jovem olhou para mim e disse as palavras mágicas que eu tanto ansiara por ouvir: “Você amadureceu desde a última vez que o vi”. Agi rapidamente depois disso, e em poucos meses casei-me com a mulher que eu  já amava havia tanto, tanto tempo. Portanto, não desistam, irmãos e irmãs.  Só por terem sido rejeitados uma ou duas vezes, ou três ou quatro, ou algumas centenas de vezes, não percam a esperança. Irmãos, o segredo para encontrar a garota de seus sonhos é procurar conhecer muitas moças e, quando se apaixonarem e sentirem que é a coisa certa, pedi-la em casamento. Se ela disser que não, continue a procurar e a orar até finalmente levar a jovem certa para o altar do templo. Simplesmente não desistam. Irmãs, sejam gentis. Vocês podem muito bem recusar convites para sair ou propostas de casamento. Mas, por favor, façam-no de modo gentil. E irmãos, por favor, comecem a convidar! Há muitas de nossas jovens que nunca saem com rapazes.  Não suponham que certas garotas jamais sairiam com vocês. Às vezes, elas estão se perguntando por que ninguém as convida para sair.  Simplesmente convidem e estejam preparados para seguir adiante, caso a resposta for não. Uma das tendências que vemos em algumas partes do mundo é a dos nossos jovens se reunirem apenas em grandes grupos em vez de saírem com alguém, como casal. Embora não haja nada de errado em reunir-se frequentemente com outros jovens da mesma idade, não sei se vocês podem realmente conhecer uma pessoa se estiverem sempre em grupo. Uma das coisas que vocês precisam aprender é a conversar com alguém do sexo oposto. Uma ótima maneira de aprender isso é estar a sós com alguém, para conversar, sem ter a “proteção” do grupo. Na maioria das vezes, ao saírem com alguém, não é necessário gastar muito ou planejar demais. Quando minha mulher e eu nos mudamos da Alemanha para Salt Lake City, uma das coisas que mais nos surpreendeu foi o processo elaborado e às vezes desgastante que os jovens desenvolveram para convidar alguém para sair ou para aceitar esses convites. Relaxem.  Encontrem maneiras simples de estarem juntos. Uma das coisas que eu mais gostava de fazer quando era jovem e queria sair com uma moça era acompanhá-la até sua casa depois da Igreja. Lembrem-se, seu objetivo não deve ser o de colocar o vídeo de seu encontro no YouTube para que tenha milhões de acessos. Seu objetivo é conhecer uma pessoa e aprender a desenvolver um relacionamento significativo com pessoas do sexo oposto. Há entre vocês, bons jovens da Igreja, alguns que talvez nunca se casem.  Embora sejam dignos em todos os aspectos, pode ser que nunca encontrem alguém com quem se selarão no templo do Senhor nesta vida. Sós os que já sentiram essa desesperança conseguem realmente compreender a solidão e a dor dessas pessoas.  Conheço muitas mulheres cujo maior desejo é o de ser esposa e mãe, mas não compreendem por que suas orações nunca foram atendidas. Há muitos homens solteiros que, por algum motivo, também se encontram sozinhos. Em primeiro lugar, quero dizer-lhes que suas orações foram ouvidas. Seu Pai Celestial conhece o desejo de seu coração. Não sei por que as orações de uma pessoa são respondidas de uma forma, ao passo que as de outra são respondidas de modo diferente. Mas posso dizer-lhes o seguinte: os desejos justos de seu coração serão realizados. Às vezes, pode ser difícil ver algo além do que está bem à nossa frente. Somos impacientes e não queremos esperar o cumprimento futuro de nossos maiores desejos. No entanto, o curto período desta vida não é nada comparado com a eternidade. Se simplesmente tivermos esperança, exercermos fé e perseverarmos com alegria até o fim — e eu disse com alegria até o fim — lá, no grande futuro celeste, veremos o cumprimento dos desejos justos de nosso coração e muitas coisas mais que hoje mal conseguimos compreender. Enquanto isso, não fiquem esperando alguém para tornar sua vida completa. Parem de ter dúvidas em relação a si mesmos e de achar que vocês têm algum defeito. Em vez disso, procurem atingir seu potencial como filhos de Deus. Procurem estudar. Empenhem-se numa carreira profissional significativa e busquem realização própria servindo aos outros. Usem seu tempo, talentos e recursos para melhorar a si mesmos e abençoar as pessoas a seu redor. Tudo isso faz parte de sua preparação para terem sua própria família. Envolvam-se ativamente em sua ala ou ramo e procurem magnificar seus chamados, sejam eles quais forem. O grande propósito desta existência mortal é aprender a amar plenamente a nosso Pai Celestial e a nosso próximo como a nós mesmos. Se fizermos isso com todo poder, mente e força, nosso destino eterno será glorioso e bem maior do que podemos imaginar. Sejam fiéis, e as coisas darão certo para vocês. Essa é a promessa eterna que Ele fez a todos que O amam e honram. Sou Capaz de Permanecer Fiel? Uma terceira pergunta que vocês, jovens, fazem é: “Será que sou capaz de permanecer fiel?”  Há pessoas que têm dúvidas sobre Deus ou sobre a Igreja. Outros cedem à tentação que os afasta da segurança do caminho estreito e apertado do discipulado. Quando eu era piloto, frequentemente via um fenômeno meteorológico interessante ao voar entre a Europa e a África. Esse fenômeno é chamado de convergência intertropical, uma série de tempestades elétricas que se movem de norte a sul ao longo do equador, enchendo o horizonte de colunas de nuvens densas e ameaçadoras. Nunca consegui olhar para aquelas nuvens sem ficar fascinado com sua beleza e grandiosidade. Elas se erguiam em imensas formações escuras e dentro delas viam-se relâmpagos brilhantes faiscando de um lado para o outro, com indescritível fúria flamejante. Que visão gloriosa e fascinante! Mas o que vocês acham que os pilotos fazem quando se aproximam dessas tempestades?  Eles fogem delas, por mais belas e fascinantes que pareçam. À medida que a umidade se eleva nessas nuvens, começa a congelar, formando granizos do tamanho de bolas de futebol que podem perfurar metal e destruir um avião. A turbulência e as fortes descargas elétricas podem fazer o avião ou seus sistemas entrarem em pane. O mesmo princípio não se aplica também quando vocês veem coisas capazes de causar dano espiritual? A tentação não seria tentação se não parecesse atraente, fascinante ou divertida. No entanto, tal como o piloto que se aproxima de uma tempestade, vocês precisam aprender a fugir dela, por mais bela ou fascinante que pareça. Por amar Seus filhos, o Pai Celestial nos deu mandamentos para manter-nos a uma distância segura dessas tempestades perigosas. Ele não obriga nenhum de Seus filhos a seguir Seu caminho. Ele permite e espera que vocês escolham por si mesmos, mas saibam disto: algumas escolhas conduzem ao desastre. Portanto, escolham o que é certo. Acrescento meu testemunho às inúmeras advertências já feitas contra o terrível problema da pornografia. Fujam dela. Fiquem longe dessas coisas.As mesmas palavras que usamos para treinar nossos pilotos em relação às tempestades eu digo a vocês em relação à pornografia: “Fujam, fujam, fujam!” Não pensem que conseguirão colocar só a pontinha do nariz do avião dentro da tempestade; não brinquem com a pornografia. Lembrem-se de que geralmente as coisas mais repulsivas e destrutivas podem parecer atraentes no princípio. Fiquem longe dessas coisas que podem colocá-los em perigo. É Verdade? Agora, a próxima questão: Como encontrar respostas para as dúvidas e perguntas?  Como vocês podem saber que o evangelho é verdadeiro? Há algum problema em termos dúvidas a respeito da Igreja ou de sua doutrina? Meus queridos jovens amigos, somos um povo questionador porque sabemos que as dúvidas nos conduzem à verdade. Foi assim que a Igreja começou: com um rapaz que tinha dúvidas. Na verdade, não sei como podemos descobrir a verdade sem fazer perguntas. Nas escrituras, raramente encontramos uma revelação que não foi dada em resposta a uma pergunta. Sempre que uma pergunta surgia, e Joseph Smith não tinha certeza de qual era a resposta, ele procurava o Senhor, e o resultado foram as maravilhosas revelações de Doutrina e Convênios. Muitas vezes o conhecimento que Joseph recebia ia muito além da pergunta original. Isso acontece porque o Senhor pode responder não apenas às perguntas que fazemos, mas o mais importante é que Ele pode responder às perguntas que deveríamos ter feito. Vamos dar ouvidos a essas respostas! O trabalho missionário da Igreja se baseia em pesquisadores sinceros que fazem perguntas genuínas. O questionamento é a base do testemunho. Alguns podem sentir-se envergonhados ou indignos por terem dúvidas a respeito do evangelho, mas não precisam se sentir assim. Fazer perguntas não é um sinal de fraqueza, mas, sim, um precursor do crescimento. Deus ordena que procuremos resposta para nossas dúvidas (ver Tiago 1:5-6) e pede apenas que busquemos “com um coração sincero e com real intenção, tendo fé em Cristo”(Morôni 10:4).Se fizermos isso, a verdade de todas as coisas pode ser manifestada a nós “pelo poder do Espírito Santo” (Morôni 10:5). Não tenham medo; façam perguntas. Sejam curiosos, mas não duvidem! Apeguem-se sempre à fé e à luz que já receberam. Como vemos de maneira imperfeita na mortalidade, nem todas as coisas farão sentido agora. Na verdade, acho que se tudo fizesse sentido para nós, isso seria uma prova de que tudo fora inventado por uma mente mortal. Lembrem-se de que Deus disse: “Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos. … Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”(Isaías 55:8-9). No entanto, vocês sabem que um dos propósitos da mortalidade é o de que vocês se tornem mais semelhantes ao Pai Celestial, em pensamento e ação. Desse ponto de vista, buscar respostas para suas dúvidas é algo que pode levá-los para mais perto de Deus, fortalecendo seu testemunho em vez de abalá-lo. É verdade que “fé não é … um perfeito conhecimento” (Alma 32:21), mas se vocês exercerem fé e colocarem em prática os princípios do evangelho todos os dias sob quaisquer circunstâncias, provarão os doces frutos do evangelho e por esse fruto conhecerão a veracidade dele (ver Mateus 7:16-20; João 7:17; Alma 32:41-43). Vocês São Eternos É claro que sempre haverá pessoas que irão chamá-los de tolos por acreditarem que são cisnes, insistindo em dizer que vocês são patinhos feios e que não podem esperar nada mais do que isso. Mas vocês sabem que não é verdade. Graças à palavra revelada de um Deus misericordioso, vocês já viram seu verdadeiro reflexo na água e sentiram a glória eterna do espírito divino que há dentro de vocês. Vocês não são seres comuns, meus amados amigos de todo o mundo. Vocês são gloriosos e eternos. Não importam quais sejam suas provações e circunstâncias na vida, peço que se lembrem de quem são, de onde vieram e para onde estão indo: porque a resposta a essas perguntas vai lhes dar verdadeira confiança e orientação na vida. O Pai Celestial vive. Ele conhece vocês. Ele fala com vocês nestes últimos dias por intermédio de profetas e apóstolos. O Presidente Thomas S. Monson é o profeta do Senhor na Terra em nossos dias. Esta Igreja é dirigida pelo Salvador, Jesus Cristo. Sei disso. Ele é o cabeça desta Igreja. Falo a vocês hoje com imperfeições e com sotaque alemão, mas prometo-lhes que as palavras que sentem no coração, na mente e na alma chegam até vocês por meio da eloquência, da pureza e do poder do Espírito Santo. E pelo poder do Espírito Santo vocês podem saber a verdade de todas as coisas. Irmãos e irmãs, meus queridos amigos, eu os amo. Eu os amo de todo o coração.  Sou grato por vocês.  Sou grato por suas virtudes. Como Apóstolo do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador, eu os abençoo individual e coletivamente, para que aprendam a saber quem realmente são e o que precisam fazer e ser para ter uma vida feliz e recompensadora. É minha oração e bênção que ao olharem para seu reflexo consigam ver além das imperfeições e incertezas e reconheçam quem realmente são: gloriosos filhos e filhas do Deus Todo-Poderoso. No sagrado nome de Jesus Cristo. Amém. © 2009 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados.Aprovação do inglês: 10/08. Aprovação da tradução: 10/08.Tradução de The Reflection in the Water. Portuguese. PD50013492 059 Notes 1. William Shakespeare, Hamlet, ed. W. J. Craig, Oxford Shakespeare (1924), ato 3, cena 1, linha 56. 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A Divina Dádiva do Arrependimento!



O Livro de Mórmon conta a história de um homem chamado Neor. É fácil entender por que Mórmon, ao resumir mil anos de registros dos nefitas, tenha achado importante incluir alguma coisa sobre esse homem e a influência duradoura de sua doutrina. Mórmon procurava alertar-nos, sabendo que aquela filosofia surgiria novamente em nossos dias. Neor apareceu em cena cerca de 90 anos antes do nascimento de Cristo. Ele ensinou que “toda a humanidade seria salva no último dia (…) porque o Senhor havia criado todos os homens e também havia redimido todos os homens; e, no fim, todos os homens teriam vida eterna” (Alma 1:4). Cerca de quinze anos mais tarde, surgiu Corior entre os nefitas, pregando e ampliando a doutrina de Neor. O Livro de Mórmon registra que “ele era um anticristo, pois começou a pregar ao povo contra as profecias (…) relativas à vinda de Cristo” (Alma 30:6). A pregação de Corior declarava que “não poderia haver expiação para os pecados dos homens, mas que o quinhão de cada um nesta vida dependia de sua conduta; portanto cada homem prosperava segundo sua aptidão e cada homem conquistava segundo sua força; e nada que o homem fizesse seria crime” (Alma 30:17). Esses falsos profetas e seus seguidores “não acreditavam no arrependimento de seus pecados” (Alma 15:15). Como nos dias de Neor e Corior, vivemos pouco antes do advento de Jesus Cristo — em nosso caso, na época da preparação para a Sua Segunda Vinda. E da mesma maneira, a mensagem de arrependimento muitas vezes não é bem-vinda. Alguns afirmam que, se houver um Deus, Ele não nos faz exigências reais (ver Alma 18:5). Outros sustentam que um Deus de amor perdoa todos os pecados com base na simples confissão ou se há realmente um castigo para o pecado, “Deus nos castigará com uns poucos açoites e, ao fim, seremos salvos no reino de Deus” (2 Néfi 28:8). Outros, como Corior, negam a própria existência de Cristo e do pecado. Sua doutrina é que os valores, os padrões e até a verdade são todos relativos. Assim, seja o que for que a pessoa ache certo não pode ser julgado por outras pessoas como sendo errado ou pecaminoso. Superficialmente, essas filosofias parecem atraentes porque nos dão licença para satisfazer qualquer apetite ou desejo, sem preocupação com as consequências. Usando os ensinamentos de Neor e Corior, podemos racionalizar e justificar qualquer coisa. Quando os profetas proclamam o arrependimento, isso chega como “um balde d’água fria”; mas, na realidade, o chamado profético deveria ser recebido com alegria. Sem arrependimento, não há progresso verdadeiro e a vida das pessoas não melhora. Fingir que não há pecado não diminui seu fardo e sua dor. Sofrer por causa do pecado em si não muda nada para melhor. Somente o arrependimento nos leva ao patamar mais elevado e iluminado de uma vida melhor. E, é claro, somente pelo arrependimento é que temos acesso à graça expiatória de Jesus Cristo e da salvação. O arrependimento é uma dádiva divina e deveríamos ter um sorriso no rosto quando falamos dele. Ele nos indica liberdade, confiança e paz. Em vez de interromper a comemoração, a dádiva do arrependimento é o verdadeiro motivo da celebração. Somente por causa da Expiação de Jesus Cristo é que existe a opção do arrependimento. É Seu infinito sacrifício que “proporciona aos homens meios para que tenham fé para o arrependimento” (Alma 34:15). O arrependimento é a condição necessária e a graça de Cristo é o poder pelo qual “a misericórdia pode satisfazer as exigências da justiça” (Alma 34:16). Nosso testemunho é este: “Sabemos que a justificação [ou o perdão dos pecados] pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é justa e verdadeira; E sabemos também que a santificação [ou purificação dos efeitos do pecado] pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é justa e verdadeira, para todos os que amam e servem a Deus com todo o seu poder, mente e força” (D&C 20:30–31). O arrependimento é um assunto extenso, mas quero hoje mencionar apenas cinco aspectos desse princípio fundamental do evangelho que, espero, sejam úteis. Primeiro, o convite ao arrependimento é uma expressão de amor. Quando o Salvador “começou (…) a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 4:17), foi uma mensagem de amor, que convidava a todos que quisessem a qualificar-se a unir-se a Ele e “[desfrutar] as palavras da vida eterna neste mundo e a [própria] vida eterna no mundo vindouro” (Moisés 6:59). Se não convidarmos as pessoas a mudar ou se não exigirmos o arrependimento de nós mesmos, deixaremos de cumprir um dever fundamental que temos uns para com os outros e com nós mesmos. Uma mãe ou um pai permissivo, um amigo indulgente ou um líder da Igreja medroso estão, na realidade, mais preocupados consigo mesmos do que com o bem-estar e a felicidade daqueles a quem poderiam ajudar. Sim, o chamado ao arrependimento é por vezes considerado algo intolerante ou ofensivo, chegando até a gerar ressentimento, mas guiado pelo Espírito é na realidade um ato genuíno de zelo (ver D&C 121:43–44). Segundo, arrependimento significa esforço para mudar. Estaríamos zombando do sofrimento do Salvador no Jardim do Getsêmani e na cruz se esperássemos que Ele nos transformasse em seres angelicais sem esforço real de nossa parte. Em vez disso, buscamos Sua graça para complementar e recompensar nossos esforços mais diligentes (ver 2 Néfi 25:23). Talvez, tanto quanto orar por misericórdia, devêssemos orar pelo tempo e a oportunidade de trabalhar, lutar e vencer. Certamente o Senhor sorri para aquele que deseja se apresentar dignamente para o julgamento e que trabalha resolutamente dia após dia para transformar fraqueza em força. O arrependimento real e a verdadeira mudança podem exigir várias tentativas, mas há algo de refinador e santo nessa luta. O perdão divino e a cura fluem naturalmente para essa alma, porque, de fato, “a virtude ama a virtude; a luz se apega à luz; [e] a misericórdia se compadece da misericórdia e reclama o que é seu” (D e C 88:40). Com o arrependimento, podemos melhorar constantemente nossa capacidade de viver a lei celestial, porque reconhecemos que “aquele que não consegue viver a lei de um reino celestial não consegue suportar uma glória celestial” (D&C 88:22). Terceiro, o arrependimento não significa apenas abandonar o pecado, mas também comprometer-nos com a obediência. O Guia para Estudo das Escrituras afirma que o arrependimento significa voltar o coração e a vontade a Deus e renunciar ao pecado a que estamos naturalmente inclinados.1 Um dos vários exemplos desse ensinamento no Livro de Mórmon encontra-se nas palavras de Alma a um de seus filhos: “Por conseguinte eu te ordeno, meu filho, no temor de Deus, que te abstenhas de tuas iniquidades; Que te voltes para o Senhor com toda a tua mente, poder e força” (Alma 39:12–13; ver também Mosias 7:33; 3 Néfi 20:26; Mórmon 9:6). Para que nossa atitude de voltar ao Senhor seja completa, é necessário incluir nada menos que um convênio contínuo de obediência a Ele. Com frequência, referimo-nos a esse convênio como o convênio batismal, que é testificado por meio do batismo na água (ver Mosias 18:10). O próprio batismo do Salvador, que nos deu o exemplo, confirmou Seu convênio de obediência ao Pai. “Mas, embora sendo santo, mostra aos filhos dos homens que, segundo a carne, se humilha ante o Pai e testifica-lhe que lhe será obediente na observância de seus mandamentos” (2 Néfi 31:7). Sem esse convênio, o arrependimento permanece incompleto e a remissão de pecados não é alcançada.2 Nas memoráveis palavras do Professor Noel Reynolds, lemos: “A decisão de arrepender-se é aquela que queima as pontes que levam a qualquer outra direção [determinando-nos] a seguir para sempre um só caminho, aquele que leva à vida eterna”.3 Quarto, o arrependimento exige uma seriedade de propósito e a disposição de perseverar, mesmo que haja dor. A tentativa de criar uma lista de passos específicos do arrependimento pode ser útil para alguns, mas também pode levar a uma abordagem do tipo assinalar quadrinhos de uma lista de verificação, sem que haja um sentimento ou uma mudança real. O verdadeiro arrependimento não é superficial. O Senhor nos fez duas exigências abrangentes: “Desta maneira sabereis se um homem se arrepende de seus pecados—eis que ele os confessará e abandonará” (D&C 58:43). A confissão e o abandono são conceitos muito fortes. São bem mais do que um simples “admito que errei, sinto muito”. A confissão trata-se de um profundo e muitas vezes angustiado reconhecimento do erro e da ofensa a Deus e ao homem. Geralmente a confissão é acompanhada de tristeza, remorso e lágrimas de amargura, principalmente quando as ações causaram dor a alguém, ou pior, quando levaram outra pessoa a cometer pecado. É a profunda aflição, a visão das coisas como realmente são, que fez Alma clamar: “Ó Jesus, tu que és Filho de Deus, tem misericórdia de mim que estou no fel da amargura e rodeado pelas eternas correntes da morte” (Alma 36:18). Com fé no misericordioso Redentor e em Seu poder, o desespero em potencial transforma-se em esperança. O próprio coração e os desejos da pessoa mudam, e o pecado que antes era tentador torna-se cada vez mais abominável. Forma-se nesse coração renovado a determinação de abandonar o pecado e de reparar o dano causado, tão plenamente quanto possível. Essa determinação logo amadurece e torna-se um convênio de obediência a Deus. Com esse convênio feito, o Espírito Santo, o mensageiro da graça divina, proporciona alívio e perdão. A pessoa é levada a declarar, tal como Alma: “E oh! que alegria e que luz maravilhosa [contemplo]! Sim, minha alma [enche-se] de tanta alegria quanta havia sido minha dor”. (Alma 36:20). Toda dor associada ao arrependimento será bem menor do que o sofrimento exigido para satisfazer a justiça no tocante à transgressão não resolvida. O Salvador pouco falou sobre o que teve de suportar para satisfazer as demandas da justiça e para expiar nossos pecados, mas Ele fez esta reveladora declaração: “Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se arrependam; Mas se não se arrependerem, terão que sofrer assim como eu sofri; Sofrimento que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito—e desejasse não ter de beber a amarga taça” (D e C 19:16–18). Quinto, seja qual for o custo do arrependimento, ele é absorvido pela alegria do perdão. Em um discurso de conferência geral intitulado “A Radiante Manhã do Perdão”, o Presidente Boyd K. Packer fez esta analogia: “Em abril de 1847, Brigham Young conduziu a primeira companhia de pioneiros a sair de Winter Quarters. Ao mesmo tempo, a mais de 2.500 quilômetros a oeste, o comovente grupo de sobreviventes da companhia Donner descia as encostas das montanhas da Sierra Nevada para o Vale de Sacramento. Eles haviam passado o rigoroso inverno encurralados logo abaixo do cume das montanhas. É quase inacreditável que alguém tenha sobrevivido aos dias, semanas e meses de fome e sofrimento indescritíveis. Entre eles estava John Breen, de quinze anos de idade. Na noite de 24 de abril, ele entrou na fazenda dos Johnson. Anos mais tarde, escreveu: ‘Foi muito depois do anoitecer que chegamos à fazenda dos Johnson, de modo que a primeira vez que vi o local foi de madrugada. O tempo estava bom, o chão coberto de grama verde, os pássaros cantavam no alto das árvores e a jornada terminara. Eu mal podia crer que estava vivo. A cena que vi naquela madrugada parece estar gravada em minha memória. A maioria dos incidentes já caiu no esquecimento, mas sempre consigo ver o acampamento próximo à fazenda dos Johnson.’”. O Presidente Packer disse: “No princípio estranhei a afirmativa de que ‘a maioria dos incidentes já caíra no esquecimento’.Como poderiam os longos meses de incríveis sofrimentos e dor serem varridos da memória? Como seria possível que o brutal e sombrio inverno fosse substituído por uma radiante manhã? Ao pensar melhor, concluí que não era assim tão estranho. Já vi coisa semelhante acontecer com pessoas de minha relação. Conheço alguém que, após um longo inverno de culpa e fome espiritual, ressurgiu em uma manhã de perdão. Quando chegou a manhã, aprenderam o seguinte: ‘Eis que aquele que se arrependeu de seus pecados é perdoado e eu, o Senhor, deles não mais me lembro’ [Doutrina e Convênios 58:42]”.4 Reconheço e testifico com gratidão que o incompreensível sofrimento, a morte e a Ressurreição de nosso Senhor “[tornam] operantes as condições do arrependimento” (Helamã 14:18). A dádiva divina do arrependimento é a chave para a felicidade nesta vida e na vida futura. Nas palavras do Salvador e com profunda humildade e amor, convido todos a “[arrependerem-se], porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 4:17). Sei que se aceitarem esse convite, vocês terão alegria agora e para sempre. Em nome de Jesus Cristo. Amém.   1. Ver Guia para Estudo das Escrituras, “Arrependimento”.   2. O Livro de Mórmon fala várias vezes sobre ser “batizado para o arrependimento” (ver Mosias 26:22; Alma 5:62; 6:2; 7:14; 8:10; 9:27; 48:19; 49:30; Helamã 3:24; 5:17, 19; 3 Néfi 1:23; 7:24–26; Morôni 8:11). João Batista usou as mesmas palavras (ver Mateus 3:11), e Paulo falou do “batismo do arrependimento” (Atos 19:4). Essa expressão também aparece em Doutrina e Convênios (ver Doutrina e Convênios 35:5; 107:20). A expressão “batismo do ou para o arrependimento” simplesmente faz referência ao fato de que o batismo, com seu convênio de obediência, é a pedra angular do arrependimento. Com o arrependimento completo, incluindo o batismo, a pessoa está qualificada para a imposição de mãos para o dom do Espírito Santo, e é pelo Espírito Santo que se recebe o batismo do Espírito (ver João 3:5) e o perdão dos pecados: “Porque a porta pela qual deveis entrar é o arrependimento e o batismo com água; e recebereis, então, a remissão de vossos pecados pelo fogo e pelo Espírito Santo” (2 Néfi 31:17).   3. Noel B. Reynolds, “The True Points of My Doctrine”, Journal of Book of Mormon Studies, vol. 5, nº 2, 1996, p. 35; grifo do autor.   4. Boyd K. Packer, Conference Report, outubro de 1995, p. 21; ver também “A Radiante Manhã do Perdão”, A Liahona, janeiro de 1996, p. 20. Site Oficial de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias © 2011 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados.